segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Paul no Brasil

Acordei inconformada.

Inicialmente não quis comprar ingresso pro show do Paul porque achei o preço meio salgado, e porque jurei pra mim mesma que ia gastar menos com shows, eventos e entretenimento daqui pra frente...Meu consolo é que já tinha visto um pedaço do show dele no Live8 em 2005 (nem 1% da graça, mas era um consolo assim mesmo!)...
Too late...claro que me arrependi!

Depois de relatos surpreendentes de alguns amigos que conferiram ao vivo e que estão até agora sem muito fôlego, e de matérias nos jornais, na internet (em todos os lugares por onde eu passo, droga!), e de uma parte do show transmitida pela Globo, só posso agradecer pelo fato de que, AINDA BEM, arrependimento não mata.
(Fisicamente, porque por dentro, estou aos pedaços...)

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Pausa pro dèja-vú.

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Quando tava passando uma temporada nos EUA, em 2006, James Brown estava em turnê e ia se apresentar numa cidade pequena, próxima a que eu morava. Pensei na mesma hora em que fiquei sabendo: "Meu Deus! Preciso dar um jeito de ver um show desse homem, lenda do soul, a qualquer custo, antes que ele morra!"...
Eu quis fazer fila na frente do balcão da bilheteria horas antes de iniciarem as vendas, pra ter certeza de que teria meu ingresso garantido, mas achei a minha idéia estapafúrdia e tiete demais. Porque eu estava trabalhando e não tinha como me liberar (e queria mostrar pro meu chefe que existem brasileiros que levam o trabalho por lá a sério), acabei nem pedindo pra sair mais cedo, só pra comprar o bendito ingresso do show do homem...Que que eu ia dizer pro meu boss, sabe? Que eu tive uma diarréia no meio do expediente e que precisava sair urgente??? Ia falar a verdade, queimar meu filme, passar por louca, só pra matar o trabalho??? Não vi necessidade de mentir...era melhor ir bonitinha pro trabalho, afinal de contas ia ser um perrengue me deslocar até o local das vendas (ooooutra cidade), e imaginei que naquele fim de mundo onde eu estava, ninguém ia querer comprar o ingresso pro show dele, assim, imediatamente...Pensei com meus botões num fator extra: "tem tanto show bom por aqui, aposto que esses americanos não ficam nesse desespero todo..."

O que aconteceu??? Acabei me dando super mal por ser uma funcionária exemplar, porque americanos ficam, sim, nesse desespero todo e os ingressos se esgotaram pouco mais de 2 horas depois de liberados pra venda...Chupei meu dedo!
E ganha uma prêmio aquele que adivinhou que a história teve um fim bem trágico e o cara morreu poucos meses depois...

(Por também ser uma funcionária exemplar, naquela mesma época, perdi o show do BB King. Pra alívio da consciência, pelo menos, essa tá vivinho da Silva!)

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Volto ao Hey Jude!

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Não comentei nada disso porque, como num filme que já vi antes, prevejo a morte próxima de Paul McCartney.
Longe disso - vida longa pro Sir Paul!

Mas porque revivi a sensação péssima de ter perdido talvez a minha última chance.

Conheço muita gente que acha o som dos Beatles um saco, que não dá a mínima pra esse cara, e que nem sabe cantar meio refrão de alguma coisa que ele tenha feito em carreira solo.
Eu, porém, tenho uma história com ele.
Ou posso dizer que ele fez parte de uma boa parte da minha.

Cresci ouvindo as canções dos Beatles, e digo pra todo mundo que eles foram meus primeiros professores de inglês (eu, bem pequena, com uns 5, 6 anos, cantarolando "You say yes/ I say no/ You say stop/ but I say go go gooo...").
Assistia aos vídeos que meu pai colocava no extinto vídeo cassete repetidas vezes; passava várias tardes de sábado entre Get Back e Penny Lane, numa viagem aos vários álbuns do quarteto que também meu pai guardava com carinho de colecionador; sabia tudo da vida de John, Paul, George e Ringo, e com eles guardava uma intimidade como se fossem da minha família; cansei de chorar ouvindo Let it be...

Eis que Paul foi, basicamente, o que sobrou disso tudo.
De passagens fantásticas da minha infância remota...

E o mais sensacional é que eu não fui a única. Nem muito menos a última.
Semana passada, mesmo, estava em um casamento, com uns 5 garotinhos de uns 7 anos na frente, pedindo enlouquecidamente que tocassem Beatles. Quando a banda atendeu ao pedido e fez um medley com meia dúzia de músicas, fiquei sem palavras quando vi que eles sabiam a letra de TODAS ELAS!!
É a isso que me refiro quando digo que gênios musicais são os que se inserem na história das pessoas, e as modificam de certa forma...

Várias gerações, vários gostos...mesmo quem não curte, duvido que não se acabe pelo menos com um "shake it up babe now/ twist and shout" numa formatura ou festinha de família...

E eu perdi de também me acabar com essas e muitas outras com o super simpático do Paul no show de ontem! Até agora, não me acredito!
Muito Hard day´s night a minha noite de Yesterday, pro meu gosto...

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