segunda-feira, 29 de março de 2010

A "anti-Lei-de-Murphy"!

Encontrei um amigo querido essa semana, tempo enorme que não nos falávamos, nem sabia o que ele tava aprontando pela vida. Acabei fazendo uma pausa prum café e o nosso papo se estendeu por longos minutos. Muito bom rever pessoas legais!

Interessantes esses encontros inesperados!

Conversa vai, conversa vem, ele perguntou a quantas eu andava. Falei super orgulhosa de algumas coisas que tem dado certo na minha vida, reclamei de mais meia dúzia, fiz algumas considerações sobre uns assuntos da atualidade, claro...minúcias desse tipo. Atualizações do cotidiano!

Quando chegou a vez de ele falar por si próprio, ele, que já não tava com uma cara das melhores já no começo do bate-papo, desabou numa murmuração sem fim. Ele foi acomedido por uma dor de cotovelo descomunal, dor de fossa mesmo, e eu, que fiquei sabendo de detalhe por detalhe, timtim por tim, posso afirmar que foi coisa feia. De filme trágico, de fato. Chorou sem parar (e eu chorei junto, porque não sei ver ninguém se despencando em lágrimas), e parecia que o mundo estava pra acabar em 60 segundos, ou que alguém tinha morrido naquele mesmo instante. O coitado, segundo próprias palavras, só não se matou porque é bom da cabeça e porque Deus existe (o que eu, dada a gravidade do que aconteceu, até concordo bastante; eu também não teria me matado pelos mesmos motivos, mas talvez tivesse ficado um bom tempo curtindo a maior deprê de todos os tempos)...

Apesar da curiosidade alheia, não interessa o que de tão grave aconteceu (e eu não sou fofoqueira!).

O que interessa é a "sapiência de cafeteria" desse meu amigo e toda a injeção de autoestima que ele me deu depois de quase 1h40 de conversa.
Antes mesmo que eu entrasse com o meu discurso de "fica bem, nem todas as coisas saem do jeitinho que desejamos, mas uma hora veremos que foi o melhor e ninguém vai morrer por isso", no maior estilo "consolação clichê", ele foi me explicar que as coisas mais significantes da natureza e da história do mundo - da vida dele, inclusive - surgiram depois de um período de caos e de esgotamento completo.

Comecei sem entender, e ele me explicou que era o que ele chamava de "anti-Lei-de-Murphy" . Essa coisa de que "se alguma coisa pode dar errado, com certeza dará", segundo tudo o que me foi explicado, acontece, sim e todos nós já experimentamos isso. Mas o que vem depois, pior não pode ser! Muito pelo contrário! Até porque é uma lei da vida, a Lei da ação e reação ("para toda força aplicada, existe outra de mesmo módulo, mesma direção e sentido oposto"): se a vida nos apresenta uma circunstância desfavorável, o que vem em troca, como "reação natural" é uma situação maravilhosa e abençoada! Assim, inversamente proporcional.

Então, quanto mais horrível é o que nos sucede, mais fantástico é o que nos aguarda!

Sei que ele exemplificou com vários fatos que são de conhecimento geral, mesmo. Falou sobre crescimento das grandes cidades, invenções que mudaram a história da humanidade, reformas políticas, religiosas e tal...toda uma aula de História - coisas muito boas e muito revolucionárias que realmente sucederam fatos trágicos (lembro que, entre tantas coisas, ele falou da Alemanha, que hoje é uma das maiores potências mundiais, e que só conseguiu esse status depois de ter virado praticamente pó com o fim das Primeira e Segunda Guerra Mundiais - notório!).

(Faz sentido!)

Ele trouxe exemplos da própria vida dele, pra soar mais convincente. Comentou que assim que saiu da faculdade, conseguiu um emprego sensacional, disputado por inúmeros (sou testemunha disso!). E que, do nada, o chefe dele mandou ele pro olho da rua, bem quando ele começava a crescer no departamento. Depois de 2 meses na pindaíba ele foi contratado por uma multinacional (a que ele trabalha até hoje), com salário quase 3 vezes superior!!! Outra, também: poucas semans depois de o pai ter falecido, ele dormiu no volante e capotou o carro que mal tinha comprado. O resultado foi perda total do veículo, que nem seguro tinha. Diz ele que depois de um tempão andando de ônibus, num "preju" desumano, ele foi sorteado por esses títulos de capitalização de banco, e ganhou 1 x e meia o valor do carro!

E continunou com mais umas outras coisas...Comentou que, quando a situação ruim chega e ele "sente a água bater no joelho", ele acorda pra vida de uma tal forma, dá uma guinada e muda o rumo de tudo pra muito melhor! Sai da situação do marasmo! Disse que esta semana, inclusive, vai esbarrar com a mãe dos filhos dele na rua ("depois dessa, só pode!"), e demos risada!

Só sei que, talvez apenas por coincidência, percebi que com a minha vida também aconteceu isso: de as melhores coisas de que me lembro terem surgido depois dos meus maiores fracassos, decepções ou tristezas. Enquanto ele falava, um filme rápido voou como flash na minha cabeça, e fui vendo que já experimetei muito dessa "anti-Lei-de-Murphy".

(Será que com todo mundo????Acho bem provável!)

Tive minhas "guinadas" depois de ter sofrido um bocado por uma série de coisas. Pela perda de uma oportunidade de trabalho, de um amor, pela morte de alguém...Até como pessoa, mental e espiritualmente falando, eu cresci absurdamente depois de um momento de caos! Eu precisei levar uns tombos pra aprender muita coisa do que sei hoje, nesse sentido.
Depois fiquei analisando o "comportamento anti-Murphy" dele sob vários aspectos: pode ser uma sabotagem, pra ele justificar todas as derrotas e fracassos anteriores; pode ser um pessimismo implícito, porque o cara SEMPRE e SÓ vive esperando por uma coisa muito ruim, na desculpa de que terá uma melhor algum dia; pode ser apenas a forma mais rápida que ele encontrou de superar os traumas e desamores...pode ser muita coisa!

Eu, particularmente falando, fiquei na torcida de que seja APENAS a mais PURA VERDADE, essa coisa toda de "anti-Murphy"!
Não que agora espere cautelosamente por uma coisa ruim, pra que mais tarde eu dê pulos de alegria, quase como um ato de "fé", não!

Mas sinto que está mais do que na hora de muita coisa boa acontecer pra mim e pra muita gente...
e que viva o otimismo!