quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Eat.Pray.Love

(Filmes hits do momento, sempre bom conferir!)

Mês passado comecei a leitura tardia do Eat Pray Love (tardia, mesmo, porque o livro foi lançado há um tempinho), da Elizabeth Gilbert, porque o filme tava meio que quase pra estrear, eu queria saber do que se tratava como boa curiosa que sou, e uma amiga minha não podia me ver que dizia que tava lendo, e que ela se lembrava de mim em toda santa página, e coisa e tal, porque parecia que a personagem era eu, e que era bem a minha carinha mesmo essa vibe de "vou sair por aí, perambulando pelo mundo, depois conto pra vocês como foi"...e blá blá blá.
Tá, né.
Li a versão original, mesmo. Em inglês (essa parte do comentário não é a parte arrogantezinha do "ó, gente! Eu leio em inglês!", não! Mas eu já tava há tempos querendo praticar mais o idioma, porque sinto que perdi muito de vocabulário, compreensão, e principalmente da escrita, e quando cheguei na livraria, o susto: Comer Rezar Amar - R$44,90 X Eat Pray Love - R$17,60 !! Preferi ser econômica e, ao mesmo tempo, dar uma forcinha pro meu cérebro! E aqui encerro o parênteses fazendo uma crítica revoltada sobre o preço dos nossos livros - um verdadeiro absurdo, por isso que ninguém lê!!!!).
O livro, adorei! Ouvi muita crítica negativa, mas euzinha achei uma delícia de ler!
Linguagem simples, bem-humorada, divertida. A história é muito boa, também. Tem um pouco de drama, um pouco de comédia, bastante de autoajuda, e a vontade que dá é mesmo a de sair correndo por aí em busca de alguma coisa completamente inédita, em termos de experiência pessoal, mesmo. Ou, no mínimo, juntar o dinheiro das calças, vender algum bem de mais valor pra engordar a economia, e parar na primeira agência de viagem que tenha qualquer coisa pra Itália, pra Índia, ou pra Indonésia.
E, sim, matando a curiosidade alheia, realmente eu me identifiquei MUITO com o livro, com a personagem (que é a própria autora, pra quem ainda não tá sabendo) e em várias partes eu me sentia muito EU contando aquela história (admito... "bem a minha carinha mesmo sair por aí perambulando o mundo e depois contar pra todo mundo como foi"). Nesse ponto, até que foi uma das poucas comparações que eu ouvi sobre mim que achei que correspondeu aos meus gostos, de verdade.

Já o filme...
Legalzinho, até.
Mas paradinho, paradinho.
De fato, como quase todas as adaptações: nunca ficam tão boas assim, porque é sempre mais rico e interessante ler o livro. Acho que só tiveram dois filmes nesses moldes que eu achei bem melhores que as versões impressas (pra quem interessa saber, Cidade de Deus e Sobre meninos e lobos, na minha modesta opinião; livros chatíssimos, filmes geniais!).
O Comer Rezar Amar ficou meio perdido no espaço, e quem não teve a oportunidade de ler o livro antes provavelmente não entendeu o sentido de várias coisas, ou achou tudo meio "normal demais" pela fama toda que teve.

Claro que tem paisagens belíssimas, e a nossa eterna Pretty Woman, que está mais pretty e charming que nunca, pra deixar tudo com um quê muito mais encantador. Dei umas risadinhas, também. Continuei querendo viajar AMANHÃ e tal.
Só que, pelo burburinho excessivo...sei não!

E daí foi onde fiquei me perguntando, depois que saí do cinema: por que raios uma coisa tão normal virou sucesso de bilheteria, de vendas nas livrarias, best seller total, e só se fala disso em todos os sites de notícias e entretenimento nas últimas 3 semanas???

É, meus caros...tem gente que nasceu com sorte!
Não porque a obra é ruim, porque já disse que não é, e não fui a única, muita gente amou...mas a sorte é imprescindível.

Essa Liz Gilbert aí: tava toda descornada, deprimida pelo fim do casamento, resolveu largar o trabalho e vendeu tudo pra ficar um ano fora de casa, fazendo as três coisas que lhe interessavam bastante (comer feito uma porca, rezar feito uma louca e procurar por um novo amor). Espertinha, elegeu três lugares magníficos, bem cheios de coisa pra se ver e pra contar. Impossível não escrever nada de interessante sobre esses três lugares! E, pra melhorar, ela tinha um propósito em cada um deles, o que ajudou na busca do conteúdo. Começou a jornada toda caidinha, numa deprê de dar dó, e quase nos 47 do segundo tempo...BUM! Achou o homem da vida dela numa ilha paradisíaca, e assim o livro/ filme terminam quase que em tom de "feliz pra sempre" (e eu fui bem desagradável agora, contando tudo!). Até agora eu acho que esse amor aí (que é verídico, eles se casaram) ela deve ter conhecido no meio ou no início da viagem, mas que não contou pra ninguém e adaptou a coisa, pra ficar mais fácil de vender depois, porque não é possível! Será que foi apenas sorte, mesmo????
Se foi, assim ela conseguiu o sonho de quase todo mundo (quase toda mulher, na verdade): dar a volta por cima, e acabar como em conto de fada! Parece ficção, mas aconteceu de verdade. E essa é a razão óbvia por que todo mundo consome a história, e quer vivenciar isso tudo, inclusive EU (sim, também quero um desfecho desses!)!!!

Já estou até aqui pensando: bem que podia me dar a louca também, pra eu ficar um bom tempo fora do país, encontrar muita coisa legal pelo caminho, e um príncipe montado num cavalo branco no fim dele, voltar com sorriso nas orelhas, escrever tudinho depois, ganhar alguns vários Reais com meu livro e, pra fechar com chave de ouro, ver que minha vida virou produção de Hollywood...Será que eu consigo???
Ou melhor: será que terei a mesma sorte???

Juro que quero muito ir pra Bali em 2011!!!
O triste vai ser aturar a superinflação de mulheres desesperadas por lá, querendo imitar a idéia...escrevam o que estou escrevendo!

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Alguém aí tem medo dele???

Hoje, 25 de outubro, é dia do dentista.

Já acordei parabenizando as duas da minha família (mommy e sister, as responsáveis por manterem meu sorriso imperfeitinho e separado até hoje - porque em casa de ferreiro o espeto é sempre de pau, e essa é uma daquelas verdades absolutas!), e hoje em dia eu sei que dentistas merecem todo o respeito, sempre! São grandes profissionais!

Primeiro que quase todo mundo que eu conheço se pela de medo de ir num consultório odontológico, e até pouquíssimo tempo atrás eu não conseguia entender o porquê de tanto apavoro. E, claro, tudo que tememos, devemos respeitar (essa é a imposição de respeito número um - a psicológica!).

Só sei que cresci com uma mãe dentista dentro de casa e, embora tivesse a parte chata de não poder comer bala pra não dar cárie (ingestão de doces quase nunca!), e de eu receber uma fiscalização ferrenha na escovação dos meus dentinhos, a figura de um dentista nunca me deu medo. Até porque, obviamente, ela sempre me foi muito familiar. Dentre todos os meus amigos, eu era talvez a única que ADORAVA aplicações de flúor (que todo mundo reclama que tem um gosto que enche de ânsia!), e profilaxias, e brocas, e morria de dar risada quando eu precisava arrancar um dente de leite ou tomar uma anestesia (hoje sei que eu dou risada de nervoso, essa que é a verdade!). Até na época em que eu precisei passar pela chatice do aparelho ortodôntico, eu ia sem reclamar, felizinha da vida! Sempre relaxei tanto quando ia tratar meus dentes com a minha mãe, que às vezes ela precisava me acordar porque eu tinha pegado no sono, e consequentemente, tava fechando a minha boca e impossibilitando o tratamento. Também a vida inteira tive horror a sangue, e a cheiro de sangue, mas num consultório odontológico ver um dente recém- arrancado (que ela fazia questão de me mostrar com um "olha que lindo esse ciso que eu acabei de arrancar da paciente que saiu!!! Vê que raiz mais perfeita!!") nunca me fez nem cócegas no sistema nervoso. Confesso que até me agradava dos cheiros horrorosos de químicos e anestésicos - era o cheirinho da minha mãe!!!
Mas o fato é: passei a vida sendo uma das poucas e raras corajosas!

Dito isso, creio que seja o segundo motivo pelo qual um dentista merece todo o nosso reconhecimento: quase sempre ele tem que bancar o psicólogo, porque o medo é geral, mesmo. Pode ir o DataFolha fazer a enquete, que ninguém suporta ir ao dentista, vai ser o resultado certo! É um tal de paciente com mão suada, tremedeira, gagueira, pressão baixa, taquicardia, e as mais variadas reações nervosas, que não é nada raro ver que um dentista está fazendo todo um discurso filosófico, com a maior paciência do planeta, pra convencer o paciente de que não vai doer nadica de nada (quase nunca é verdade, às vezes dói mesmo, mas só o fato de convencer o felizardo a abrir a boca relaxadamente, é mais que 50% de todo o trabalho do odontólogo!).
Nada fácil para o profissional, reconheçamos!

O terceiro motivo dos meus parabéns sinceros aos dentistas é meio óbvio: imaginem como eles sofrem!
Tá certo...Nós os pacientes, sofremos demais, também, porque eu admito que boca é uma coisa íntima demais (e agora, pensando melhor, até acredito que é mais confortável ir num ginecologista...Não que abrir a perna - num ótimo sentido, importante frisar! - não seja também desagradável, mas pelo menos o médico/a não fica com a cara quase em cima da nossa cara, praticamente passando pela nossa garganta, e nós, sem nem idéia de pra onde olhar...Pelo menos quando é "mais pra baixo", respiramos fundo e ficamos procurando mofo no teto, sem ninguém pra conferir a nossa expressão de incomodidade...).
Mas ficar mirando paciente com cara de medo, de nojo, de pedra, de vítima de serial killer, com sudorese excessiva, não deve ser a coisa mais legal do mundo. Sem contar que não é todo mundo que tem higiene, e aparece limpinho (aturar mau hálito, que tristeza!). Tem também uns casos bem graves de doenças periodontais, com sangue, pus, mau cheiro...de vez em quando um restinho de comida...aaaaaaaaargh, que coisa mais nojenta!

Quarto motivo do parabéns de hoje: eles são heróis!
Mesmo quando parecem bandidos, eles são heróis, e só quem já teve uma dor de dente enlouquecedora sabe do que eu estou falando!
Lembram de mim e de toda a minha intrepidez na hora de abrir o bocão????
Pois é...
Pra tudo há uma primeira vez na vida!
Esses dias passei por uma dor DAQUELAS, que me fez perder a fome, o sono, a concentração, e que me deu vontade de arrancar o meu dente sozinha, só pra ver se eu eliminava radicalmente meu problema (também me lembrei da minha mãe, que já tinha me relatado N vezes, que v-á-r-i-o-s foram os pacientes que chegavam com o dente arrancado no bolso, falando "ó, doutora, tá aqui o dente: cutuquei até arrancar, porque não tava aguentando de dor!", e eu achando que era lenda urbana...A dor é tão descomunal, e tão desesperadora, e tão desconcertante, que eu só passei a acreditar nos tais relatos porque eu, no auge da minha consciência, cheguei a considerar seriamente a possibilidade - tive vontade de arrancar a minha cara fora, se possível fosse! E depois dessa dor, sem dúvida alguma, agora estou preparada pra um parto normal de quadrigêmeos, ou pra expelir pedras com 10 cm de diâmetro dos meus rins!!!!).
No meu caso específico, suei, tremi, tensionei todos os músculos do meu corpo, tive crise de riso (de nervoso!) e senti na pele o medo que eu nunca tinha vivenciado. E queimei minha língua!
(Isso porque a MINHA MÃE, a pessoa em quem eu naturalmente mais confio, que me atendeu!)
E só continuo gostando de dentistas porque, sim, eles ainda me são completamente familiares ( e eu também não vou desestimular a minha irmã em começo de carreira!)!!!!
Não entrarei em maiores detalhes do meu caso clínico, mas só pra resumir, tenho uma gengiva fina e magra demais (pode isso??), carente de gordura pra proteger meus dentes, e acabei tendo uma infiltração no nervo do pré-molar (acho que foi esse o abençoado). Alguém já viu nervo de dente??? Consegue ser mais fino que fio de cabelo, e não vi coisa pra incomodar mais...Jesussss!
A heroína da minha mãe entrou em cena, usou a tão eficaz psicologia, deu-me umas anestesiazinhas chatas e pra lá de doloridas, exerceu seus conhecimentos e sua experiência de mais de "bodas de prata", e ME LIBERTOU DA MINHA ANGÚSTIA!
No dia em que minha mãe tirou o nervo do meu dente, seguramente eu nasci de novo!
Eu praticamente comemoro 2 aniversários, agora!

E porque eu sei que dentistas sofrem, são importunados quando alguém tá se desmanchando em dor, suportam péssimos odores, e são vítimas de todo o pânico da sociedade (rejeitados, tadinhos, porque ninguém se agrada deles!), que demonstro minha admiração sincera por esses profissionais!
E encerro recomendando o uso correto de escovas de dente, fios dentais, e consultas mais do que periódicas. Por mais que o medo de dentista seja realmente grande, uma coisa é certa: não desejo a dor que senti nem pro pior cristão do mundo...
FLÚOR NELES!!!!!

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Calores e fusos!

E aqui estamos nós, abençoados pela aparição de um Sol daqueles depois de intermináveis dias cinzentos, e tentando nos adaptar ao novo fuso.
Particularmente falando, sou fã do horário de verão. Porque sou fã da luz do dia, da claridade, de sol, de praia, e de qualquer coisa que lembre "dias de férias" (embora quase todo mundo pense o contrário, pelo fato de eu também trabalhar à noite e já ter declarado um bilhão de vezes que meu cérebro funciona melhor à medida em que os ponteiros do relógio se afastam dos horários matinais).
Até acho que no inverno deveríamos ter uma espécie de "horário de inverno", com a operação inversa de atrasar o relógio, pra que ninguém tivesse que acender as luzes as 4 da tarde. Falando sério: os meses do inverno tem um ar muito sombrio e deprimente - tristeza que só passar o dia com céu escuro!
Mas o que mais conheço é gente que detesta o "horário novo". Bem coisa do povo que tem uma idade mais avançadinha um pouco, de passar todos os meses da primavera e do verão reclamando que não conseguem dormir direito porque "o Governo tirou uma hora" do dia deles...A minha vó mesmo é uma, que passa quase 4 meses desconsiderando o horário de verão - se o relógio aponta 1 da tarde, ela diz que é meio dia, e que o almoço já vai pra mesa...Fora os mesmos 4 meses que ela passa se lamentando, e xingando que o relógio biológico dela está "desconcertado", e que ela tem dormido bem menos desde o dia em que ela foi forçada a adiantar o relógio em uma hora...
Morro de rir!

Obviamente, tem algumas desvantagens. Eu fico tão concentrada com várias coisas, e o dia ainda tão claro, que quando percebo, já são 8 da noite. E tenho a sensação de que me ocupei bem mais, e que o tempo passou consideravelmente mais rápido. Perdemos mesmo a noção do "fim da tarde", e do "fim do expediente"...
Por outro lado, e principalmente nos dias de Sol, com céu azul e sem nuvens, não consigo me lembrar de nenhum fenômeno natural que possa deixar meu dia mais feliz. Quando os primeiros raios solares me acordam lá pelas 6 e tantas, nem consigo ficar de mau humor por ter levantado um pouco antes do previsto - abrir a janela e ver um azul sem fim, com o mar parecendo um espelho de tão brilhante, já me arranca um sorriso do rosto (e é quando eu percebo que sou uma privilegiada e tanta por poder acordar e enxergar de frente o azul do mar, quase que todo só pra mim...Vida ruim, a minha!) ...

E não sou apenas eu - no calor, com a luz do dia, e Sol raiando, todo mundo parece mais feliz e mais cheio de humor! As pessoas saem mais às ruas, os pássaros cantam mais alto, tudo fica mais agitado, tem mais gente se exercitando, tem mais gente se cumprimentando, tem mais gente sorrindo sem motivo, tem mais gente rendendo no trabalho e, claro, tem até mais gente se amando!

Quanto a mim...
Passou um pouco das 19h, agora, já acabei o que tinha que acabar, e o Sol ainda faz um tremendo reflexo na tela do meu computador...Farei um lanche leve, e devo tomar um suco de abacaxi com hortelã pra refrescar...Provavelmente vai ser nessa parte que o Sol vai começar a se por.
Então deitarei relaxada no sofá, e me renderei a uma boa leitura, vivenciando a ilusão total de que sim, estou de férias!
E tudo isso graças ao bom tempo, ao Sol e ao tão criticado horário de verão...
PODE ALGUÉM NÃO GOSTAR DISSO????

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Paradoxos

Tem dias e dias.
Tem dias em que acordo sem muitas palavras, e passo horas assim, só querendo observar o barulho das coisas que me cercam, fazendo o máximo de silêncio pra poder prestar atenção em cada ruído de toda essa poluição sonora; tem dias que quero que todo mundo me ouça, mesmo nos lugares onde, fisicamente, a minha voz não pode chegar.
Tem dias que fico radiante de felicidade, mas que ela é tão minha, e tão íntima, que eu não consigo compartilhar com ninguém; mas também tem dias em que vivo uma tristeza igualmente egoísta: que só eu consigo entender, e que só eu posso deixar passar.
Tem dias em que, particularmente, não estou nem feliz, nem triste; mas são dias especiais e inesquecíveis, como muito poucos.
Em alguns momentos eu quero ficar só, comigo e com as minhas sensações; em outros eu quero reunir todas as grandes pessoas sensacionais da minha vida dentro de um abraço e ainda acho que seria pouco.
Tem horas que eu morro de saudade de várias coisas que já passaram, de vários lugares onde eu estive, de pessoas com quem cruzei, e outras por quem me apaixonei bastante; tem horas que eu acho que o passado não serve pra absolutamente mais nada, e eu me flagro com raiva de mim mesma por me lembrar de coisas que não voltam nunca mais.
Às vezes eu me arrependo profundamente de coisas que fiz, outras que deixei de fazer, momentos em que me expus, ou frases que falei, pensadamente ou não; outras vezes acredito que todas essas coisas foram completamente válidas, e inusitadamente essenciais, ainda que não queira ou não possa repetir nenhuma delas.
Tem dias que eu não sei se fiz a coisa certa; tem dias em que eu tenho certeza de que não poderia ter feito diferente.
Tem vezes em que faço questão de controlar, e de me controlar; outras, porém, em que prefiro que tudo fuja do controle...
Tem dias em que sei ouvir e dar bons conselhos; tem outros em que eu só quero falar, e berrar, e desabafar, sem escutar ou dar a mínima pra o que as pessoas pensam a respeito.
Tem dias em que eu me sinto linda, jovem, animada, sagaz, bem cuidada e exuberante; tem dias que o cabelo não para quieto, que roupa nenhuma me cai bem, que eu pareço não combinar com nenhum tom de cor, que minha pele tá mais feia, e que eu ganhei alguns quilos e que eu envelheci demais no último ano.
Tem dias que tenho a convicção de que sei de tudo, ou que sei bem as coisas que me ensinaram; tem outros em que vejo que ainda falta aprender coisa demais...
Tem dias em que faço mil planos: de conquistas várias coisas, de conhecer vários lugares, de aprimorar meus conhecimentos; tem dias que eu me conformo com o marasmo e até acho que ele é bom e faz parte, em certo sentido...
Tem dias que tudo tem graça, todos os lugares tem cheiros, todas as pessoas tem sabores; tem outros que passam num preto-e-branco deprimente, azedos e fétidos, numa podridão de secar os ossos, ainda que tenha gente que pense e sinta o contrário.
Tem dias que prefiro o Sol, o calor, torta de limão e suco de laranja; tem outros que sonho com um cobertor, arroz com feijão, e que peço a minha média mais escurinha.
Tem dias que estou mais pra rock; outros, completamente pra bossa nova.
Tem dias em que busco o inédito, o inexplorado, o desconhecido; tem dias em que nada me deixa mais feliz do que estar no mesmo lugar, convivendo com as mesmas pessoas, e seguindo a rotina que eu tanto faço questão de odiar.
Tem dias que eu quero ser mais rica, mais bonita, mais inteligente; tem dias que eu acho que já tá de bom tamanho eu ser eu mesma.
Tem dias em que eu penso que todas as coisas acontecem quando e porque elas tem que acontecer, que tudo é muito claro, muito óbvio, que faz muito sentido e funciona perfeitamente muito bem, e quem sou eu pra argumentar; tem dias que eu já não sei de mais nada, que não entendo e nem faço questão de, porque realmente é impossível explicar o inexplicável. Mas quero discutir e arrazoar mesmo assim.
Tem dias que assumo o papel de mãe, de irmã mais velha, de chefe; tem dias que eu choro feito criança pequena, quero mimos como filho caçula, e alguém pra me guiar e me conduzir no caminho o tempo inteiro.
Tem dias que me agrado com as coisas mais banais e modestas; tem dias que muito dinheiro não basta, e que todo amor ainda é muito insuficiente.
Tem dias de certo OU errado, isso OU aquilo, agora OU nunca; tem dias em que tudo DEPENDE...
Tem dias que eu peço a Deus que passe voando; tem dias que eu sonho que pudesse ser como antes, do jeito exato que já foi um dia...
Tem dias que a falta de tudo me consome; tem dias que eu acabo sobrando demais dentro de mim mesma.
Tem dias que eu sei que foi tudo uma questão de escolha; tem dias que eu imagino que foi tudo obra do destino...
Tem dias que eu acho que é tudo loucura, alucinação, alienação e insensatez; tem dias que eu acho que achar tudo isso é a coisa mais normal, banal e comum do mundo...

E agora eu pergunto: será que apenas EU tenho dias e dias assim??

domingo, 10 de outubro de 2010

10.10.10 - Faça sua parte!

Ô data bonita, essa de hoje!
Pra quem um dia ouviu borburinhos de que o mundo acabaria no ano 2000, até que chegamos longe!
Quando era criança, ficava fazendo mil cálculos no meu caderno de quantos anos teria em 2000 e poucos, como se fosse uma coisa super distante mesmo, e estou aqui eu, tentando entender porque esse tempo não passou um pouco mais devagar...


Lembranças a parte, hoje é dia de falar de coisa séria.

Uma data tão numericamente perfeita, com um quêzinho de místico (para aqueles que acreditam), foi a escolhida para o "global day of doing".
Mas, que diabos seria isso???
Explico melhor.
A iniciativa surgiu em Londres, espalhou-se pelo mundo todo e hoje essa campanha, por assim dizer, tem o intuito de reduzir a emissão de gases poluentes (principalmente o carbono) em 10% até o fim de 2010.
E a data holística-cabalística-espiritual-coincidentica de hoje foi a que escolheram, para que, em todo o globo, alguém tomasse alguma atitude em favor do meio ambiente e da redução dos chamados "carbon footprints" (algo como "vestígios poluidores").

Aliaram-se à idéia ambientalistas, políticos, esportistas, designers, celebridades - é claro - e pessoas do mundo inteiro que sabiamente dizem SIM à bandeira do "vamos salvar o planeta!".

Vale qualquer coisa: deixar o carro estacionado na garagem e andar de bicicleta ou a pé, plantar uma árvore, utilizar o mínimo de energia elétrica possível, reaproveitar material através da reciclagem, não desperdiçar comida...
E o bacana é que muitas pessoas que fizeram do 10.10.10 um dia ecologicamente correto, enviaram as fotos para o site e contaram essas experiências de bioética e sustentabilidade.
(Legal pra fazer com as crianças!)
Hoje eu separei meu lixo (como, na verdade, já faço há uns tempos) e joguei fora várias sacolas de plástico de supermercado, na intenção de substituí-las por outras que não agridem o meio ambiente. E, doeeeeeeu MUITO, mas consegui sair de carro só uma vez por hoje!!!

Claro que o dia já tá acabando, talvez não dê mais pra mandar as fotinhos pra lugar nenhum, mas vale conferir o site e se juntar à iniciativa (que, obviamente, não vai durar só por hoje!).
O material na web está todo em inglês, mas dá pra entender, né?? Lá tem reportagens, atualidades, venda de material da campanha e até espaço para doações. Além de várias dicas bem interessantes sobre o que fazer, diariamente, para cooperar com o meio ambiente.
Lembrando: atitudes limpas, ecológicas e sustentáveis demandam um certo esforço (às vezes BEM grande, diga-se de passagem) e precisam se tornar um hábito. Mas não existe costume que não tenha começado com uma certa contrariedade e repetidas vezes, e repetidas, e repetidas, até se tornar normal.

E ALGUÉM PRECISA FAZER ALGUMA COISA!!

Quero muito que meus filhos façam contas com um "2000 pra lá de distante", como também eu fazia quando pequena.
E você?

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Remedinhos que curam...

Nunca tive dotes pra esporte algum, sempre fui a mais desajeitada pra qualquer coisa que exigisse coordenação motora/ física. Era sempre a tadinha dos grupos das últimas que sobravam pra serem escolhidas no time de vôlei ou futebol da escola.
Mas como toda boa brasileira, eu tentava.
Pelo menos pra me enturmar, ou pra não ficar tão excluída.
Então me lembro de que nas férias de verão, na praia, eu me metia a jogar basquete, frescobol, vôlei...participava das gincanas como se fosse grande atleta. Também dava uma de superwoman e me arriscava nas trilhas ecológicas, mountainbikes (que eram em morros, MESMO!), escaladas e mais um monte de coisa que, repito, minha habilidade não me permitia fazer.
Desfecho óbvio: eu voltava pra casa toda ralada!! Sempre caía, aparecia cheia de lesão, com sangue até não poder mais e até não ter mais onde.
Meu pai me recebia em casa sempre com aquela cara de "sabia que isso daí não ia funcionar" e eu, bem orgulhosa, não me permitia voltar chorando.
Mas ele tinha o remédio mais eficaz de todos: banho de mar! Meu pai me fazia colocar um biquini de imediato e, independentemente do tamanho e da gravidade das minhas pisaduras, eu tinha que dar alguns mergulhos na água salgada - que, segundo ele, cicatrizavam toda e qualquer ferida.
Não importava o clima - se era verão, ou se era inverno - , nem a temperatura da água - quase sempre gelada de trincar os dentes, tenho essas lembranças muito vivas em mim até hoje! - eu tinha que mergulhar de corpo inteiro. E não bastava só uma vez! Sei lá de onde surgiu essa superstição dele, mas pra ficar curada eu precisava me afundar na água 4 dolorosas vezes.
(Dolorosas, sim! Alguém já tomou banho de mar com machucado no corpo??? Mas era isso ou passar merthiolate de cima a baixo. Ou seja: opção 1 sem pensar duas vezes!)

Bom...o fato é que funcionava! Não sei o que Deus colocou no mar de tão importante, mas antes mesmo de o meu corpo ficar completamente seco, meus machucados todos já tinham virado casquinha. E parava de doer na hora!
Então cresci com esse elixir fabuloso do meu pai. Muito mais do que Gelol, Vicky Vaporub, Cataflan, AAS, o remédio pra todas as coisas era a água do mar! O mar era o que curava as minhas gripes e resfriados, dor de cabeça, cólicas menstruais (até isso!), e minhas ralações frequentes. Até tristeza e dor de cotovelo minimizavam com um revigorante banho de mar!
(O cúmulo da crendice do meu pai foi ele me dizendo, coisa de 3 semanas atrás, pra eu tomar um banho de mar, naquele frio de inverno que tava fazendo, e fazer GARGAREJO com a água salgada, só porque eu reclamei de inflamação na garganta..."vai na praia, dá um mergulho, faz bochecho, gargarejo, ou engole a água! Vai passar a irritação na hora, já te disse isso!"...)

O problema único é que eu tinha uma...mania, digamos assim, que bloqueava toda a boa ação curativa da água do mar: nunca tive paciência pra esperar a natureza agir por si própria, e cicatrizar com o tempo; agoniada com as casquinhas dos meus machucados, logo que saía do mar eu cutucava um por um e...lá estava eu sangrando novamente!
Daí, não tinha jeito: era meu pai me carregando pra mais um banho de mar...

...

Agora, mais crescidinha, ainda recorro à esse fabuloso remédio cada vez que me dói alguma coisa, ou quando apenas sinto aquele cansaço muscular. E ainda hoje alivia que é uma beleza!

Mas como algumas coisas não mudam, continuo impaciente, querendo me sentir melhor antes mesmo de dar meus mergulhos, e buscando a cura, antes mesmo de ver minhas feridas virarem cicatrizes. Daí não tem banho de mar que resolva!

Só agora, depois de cutucar minhas feridinhas incontáveis vezes, é que percebi que remédio melhor que paciência não existe (não excluindo, porém, o fantástico elixir do meu pai!) ! Por maiores que sejam as fórmulas, as crendices, ou até mesmo a fé...

Existe um tempo, às vezes bastante considerável, pra que as dores, contusões ou rompimentos parem, o sangue estanque, e o corpo volte a funcionar em perfeito estado. Não há nada que se possa fazer pra minimizar essa espera, nem a dor da espera, nem fórmulas perfeitas de recuperação que excluem qualquer tipo de desconforto - na vida real não existem mágicas!

O jeito é encarar que alguns ferimentos existem, sim, e dóem um bocado, mas que há um santo remédio pra todos eles. E que, por sua vez, existe uma santa calma, com boses doses de otimismo, pra cada um dos remédios. E aqueles são imprescindíveis, senão passaremos a vida toda entre mergulhos no mar...

Isso tudo até que chegue um dia, o tão sonhado dia, que nada disso mais será necessário, porque criaremos nossos próprios anticorpos...

No meu caso, meu corpo ainda não se vacinou! Enquanto isso, porém, faço o que aprendi esses dias: exerço minha paciência com maestria, e torço pra que passe o quanto antes. Com ou sem a água do mar!

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Eleições 2010

Só se fala em eleições, agora.
Embarco na onda.


Até pensei que não fosse poder votar. É que mês passado recebi um comunicado urgente da Receita Federal falando sobre o cancelamento do meu CPF. Ué?!?!?! Fui ver, não estava em dia com as minhas obrigações eleitorais (e, consequentemente, com minhas responsabilidades como cidadã): é que estava numa viagem no 2º turno das eleições passadas, e voltei tão alvoroçada com as histórias do meu passeio e em mostrar meu álbum de fotos, e contar as boas novas, que me esqueci completamente de justificar meu voto. E permaneci nesse esquecimento por quase 2 anos.
Bela cidadã, eu.
Passei no meu cartório eleitoral pra resolver o problema, morrendo de medo de alguma consequência grave, e nunca, nas minhas lembranças de utilização de serviço público, fui tão rápida e eficientemente atendida. Precisei pagar uma multa de exatos R$3,51 e entre conversar com o funcionário, esperar o sistema procurar pelo meu nome e o número do meu título, pegar a guia, efetuar o pagamento no caixa eletrônico e retornar pra dar baixa e assinar os documentos, gastei 6 min. Olha que eficácia!
Saí de lá bem feliz! Uma porque realmente não perdi meu tempo, não gastei a manhã inteira numa fila, e mais ainda porque achava que minha "punição" seria bem maior. Pô: só R$ 3,51!!!
Até que valeu a pena a quantia: pelo menos o candidato eleito (que não era o meu) não conseguiu esse feito com o meu voto!
Minha mente maquiavélica até cogitou a possibilidade de repetir, dessa vez, propositadamente, a façanha: até que pra nossa atual falta de opção 'votável', pagar a multa me pareceu uma ótima alternativa.
...

Peso na consciência, senso de responsabilidade, um ideal de ver alguma coisa neste país mudar 'sabe-se-lá-quando', VOTEI.

...

E na semana passada fiz meu professor de espanhol ficar chocado com a minha declaração-desabafo: ODEIO A DEMOCRACIA!
No começo ele pensou que fosse mais um dos meus exageros, quase sempre em tom de brincadeira, mas nunca falei tão sério assim na vida. E ele percebeu.
Defendi minha tese: muito teoricamente, um regime de governo onde a maioria tem vez. Justo e ético, se fosse assim mesmo.
O triste é que, no nosso caso, a maioria não tem a nítida compreensão do que é a quantas essa pantomima que alguns ainda chamam de política. É um descaso completo, e ainda não consigo entender se é por frustração, ignorância, incompetência, ou desinteresse dessa maioria, mesmo.
Nem vou muito longe: eu, como jornalista, deveria estar por dentro de vários assuntos - história, política, economia, atualidades. E não porque sou a ban ban ban, mas porque é inerente a minha profissão; é minha obrigação estar mais ou menos a par das coisas que acontecem aqui e no mundo. Mas, confesso: eu que já fui uma interessada avivada sobre a nossa história política, viro as páginas dos jornais e revistas, nessa editoria, porque perdi a paciência. E se não fosse o nosso amigo Google, não ia saber dizer o nome do atual Ministro das Relações Exteriores (agora sei: Embaixador Celso Amorim!).
Agora, imagina quem só tá interessado no resumo das novelas ou na tabela do campeonato brasileiro...

Daí é quando penso que o voto não deveria ser obrigatório. E quando penso melhor a respeito, analiso que, para o Brasil, talvez ficasse até pior se não fosse compulsório. Melhor deixar assim.
E no fundo não sei se tem mesmo solução: estelionatos no governo, atuações pífias, desinteresse da população...e parece tudo ser mais um problema cultural, do que social, e do que político propriamente dito: a maioria de nós já tem incutida a idéia de que se estivéssemos no poder "fraudaríamos" em igual proporção...
Eu me revolto quando ouço frases desse tipo! De pessoas que afirmam categoricamente que se tivessem no governo também se aproveitariam de 'alguns benefícios' como se fosse imbecilidade fazer diferente. A tal da sabedoria de levar vantagem a qualquer custo...e ganhar dinheiro fácil, de subestimar o interesse do outro.
E não entendo de verdade: minha mãe sempre me disse que devemos cuidar mais das coisas dos outros, do que das nossas próprias. Aliás, quase toda mãe fala isso. Nossas câmaras, e assembléias e prefeituras andam órfãs, então?
Fim de mundo!

Será que a saída é a não-democracia? Vai ver que sim. Vários dos países que realmente funcionam são regidos por parlamentarismo (caso da França e Canadá, por exemplo). Ainda assim é democracia, mas não da forma como conhecemos - tem menos dedo da "maioria abnegada" no resultado do quadro político.
Não estou na turma desses que defendem a anarquia, de outro lado, porque penso que até as desorganizações devem ser organizadas. E a não ser que vivêssemos no céu, precisaríamos de uma figura de líder, chefe, condutor, ou qualquer coisa do gênero.
Campanha do "vamos anular o voto" também não sigo, porque pior do que não ter um direito, na minha modestíssima opinião, é tê-lo e disperdiçá-lo por completo: poder votar e abdicar disso é burrice. Olhando por esse viés, antes viver numa ditadura, então.

O jeito é aceitar as coisas do jeito que elas são, e mudar a postura com relação a outras. Porque esperança realmente sempre deve existir!
Informação é uma das principais saídas pra esse nosso caos, porque uma sociedade que indaga, e questiona, e participa não é mais uma sociedade cega e engessada (nesse quesito, ponto pra TSE, que este ano veio com as tais propagandas didáticas, com o intuito de esclarecer o eleitor sobre algumas coisas bem básicas, mesmo...achei excelente a inciativa!).
O duro é que com essa coisa de "vamos informar e esclarecer a população", resta sempre a grande parcela que continua não querendo nada com isso (ô tristeza!). Tanto faz se tem informação ou não.

O resultado??? O Tiririca eleito Deputado Federal com recorde de votos da história política desse país. Tá bom ou preciso entrar no papo dos ficha-suja??
(Considerando que a maioria elegeu o Tiririca, e que a maioria não sabe nem porque o céu é azul, nossos atuais representantes REALMENTE são o retrato disso tudo. Nesse aspecto, nossa democracia faz muito sentido!)

Resumo da ópera: só esperança de dias melhores, porque solução, por ora, não tem. E por isso que eu disse que realmente ODEIO A DEMOCRACIA!!!!
E não é de odiar??
...

Pra quem interessa saber, não, EU NÃO VOU COLOCAR EM PRÁTICA MEU PLANO DIABÓLICO DE PAGAR MULTA, agora no 2º turno.
Votarei consciente: ainda tenho a esperança de que o meu voto computado pode fazer a diferença!
Os R$3,51 guardarei pra comprar um chá de camomila pra fins de pós-eleição. Precisarei de muita calma, dependendo do resultado...