quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Eleições 2010

Só se fala em eleições, agora.
Embarco na onda.


Até pensei que não fosse poder votar. É que mês passado recebi um comunicado urgente da Receita Federal falando sobre o cancelamento do meu CPF. Ué?!?!?! Fui ver, não estava em dia com as minhas obrigações eleitorais (e, consequentemente, com minhas responsabilidades como cidadã): é que estava numa viagem no 2º turno das eleições passadas, e voltei tão alvoroçada com as histórias do meu passeio e em mostrar meu álbum de fotos, e contar as boas novas, que me esqueci completamente de justificar meu voto. E permaneci nesse esquecimento por quase 2 anos.
Bela cidadã, eu.
Passei no meu cartório eleitoral pra resolver o problema, morrendo de medo de alguma consequência grave, e nunca, nas minhas lembranças de utilização de serviço público, fui tão rápida e eficientemente atendida. Precisei pagar uma multa de exatos R$3,51 e entre conversar com o funcionário, esperar o sistema procurar pelo meu nome e o número do meu título, pegar a guia, efetuar o pagamento no caixa eletrônico e retornar pra dar baixa e assinar os documentos, gastei 6 min. Olha que eficácia!
Saí de lá bem feliz! Uma porque realmente não perdi meu tempo, não gastei a manhã inteira numa fila, e mais ainda porque achava que minha "punição" seria bem maior. Pô: só R$ 3,51!!!
Até que valeu a pena a quantia: pelo menos o candidato eleito (que não era o meu) não conseguiu esse feito com o meu voto!
Minha mente maquiavélica até cogitou a possibilidade de repetir, dessa vez, propositadamente, a façanha: até que pra nossa atual falta de opção 'votável', pagar a multa me pareceu uma ótima alternativa.
...

Peso na consciência, senso de responsabilidade, um ideal de ver alguma coisa neste país mudar 'sabe-se-lá-quando', VOTEI.

...

E na semana passada fiz meu professor de espanhol ficar chocado com a minha declaração-desabafo: ODEIO A DEMOCRACIA!
No começo ele pensou que fosse mais um dos meus exageros, quase sempre em tom de brincadeira, mas nunca falei tão sério assim na vida. E ele percebeu.
Defendi minha tese: muito teoricamente, um regime de governo onde a maioria tem vez. Justo e ético, se fosse assim mesmo.
O triste é que, no nosso caso, a maioria não tem a nítida compreensão do que é a quantas essa pantomima que alguns ainda chamam de política. É um descaso completo, e ainda não consigo entender se é por frustração, ignorância, incompetência, ou desinteresse dessa maioria, mesmo.
Nem vou muito longe: eu, como jornalista, deveria estar por dentro de vários assuntos - história, política, economia, atualidades. E não porque sou a ban ban ban, mas porque é inerente a minha profissão; é minha obrigação estar mais ou menos a par das coisas que acontecem aqui e no mundo. Mas, confesso: eu que já fui uma interessada avivada sobre a nossa história política, viro as páginas dos jornais e revistas, nessa editoria, porque perdi a paciência. E se não fosse o nosso amigo Google, não ia saber dizer o nome do atual Ministro das Relações Exteriores (agora sei: Embaixador Celso Amorim!).
Agora, imagina quem só tá interessado no resumo das novelas ou na tabela do campeonato brasileiro...

Daí é quando penso que o voto não deveria ser obrigatório. E quando penso melhor a respeito, analiso que, para o Brasil, talvez ficasse até pior se não fosse compulsório. Melhor deixar assim.
E no fundo não sei se tem mesmo solução: estelionatos no governo, atuações pífias, desinteresse da população...e parece tudo ser mais um problema cultural, do que social, e do que político propriamente dito: a maioria de nós já tem incutida a idéia de que se estivéssemos no poder "fraudaríamos" em igual proporção...
Eu me revolto quando ouço frases desse tipo! De pessoas que afirmam categoricamente que se tivessem no governo também se aproveitariam de 'alguns benefícios' como se fosse imbecilidade fazer diferente. A tal da sabedoria de levar vantagem a qualquer custo...e ganhar dinheiro fácil, de subestimar o interesse do outro.
E não entendo de verdade: minha mãe sempre me disse que devemos cuidar mais das coisas dos outros, do que das nossas próprias. Aliás, quase toda mãe fala isso. Nossas câmaras, e assembléias e prefeituras andam órfãs, então?
Fim de mundo!

Será que a saída é a não-democracia? Vai ver que sim. Vários dos países que realmente funcionam são regidos por parlamentarismo (caso da França e Canadá, por exemplo). Ainda assim é democracia, mas não da forma como conhecemos - tem menos dedo da "maioria abnegada" no resultado do quadro político.
Não estou na turma desses que defendem a anarquia, de outro lado, porque penso que até as desorganizações devem ser organizadas. E a não ser que vivêssemos no céu, precisaríamos de uma figura de líder, chefe, condutor, ou qualquer coisa do gênero.
Campanha do "vamos anular o voto" também não sigo, porque pior do que não ter um direito, na minha modestíssima opinião, é tê-lo e disperdiçá-lo por completo: poder votar e abdicar disso é burrice. Olhando por esse viés, antes viver numa ditadura, então.

O jeito é aceitar as coisas do jeito que elas são, e mudar a postura com relação a outras. Porque esperança realmente sempre deve existir!
Informação é uma das principais saídas pra esse nosso caos, porque uma sociedade que indaga, e questiona, e participa não é mais uma sociedade cega e engessada (nesse quesito, ponto pra TSE, que este ano veio com as tais propagandas didáticas, com o intuito de esclarecer o eleitor sobre algumas coisas bem básicas, mesmo...achei excelente a inciativa!).
O duro é que com essa coisa de "vamos informar e esclarecer a população", resta sempre a grande parcela que continua não querendo nada com isso (ô tristeza!). Tanto faz se tem informação ou não.

O resultado??? O Tiririca eleito Deputado Federal com recorde de votos da história política desse país. Tá bom ou preciso entrar no papo dos ficha-suja??
(Considerando que a maioria elegeu o Tiririca, e que a maioria não sabe nem porque o céu é azul, nossos atuais representantes REALMENTE são o retrato disso tudo. Nesse aspecto, nossa democracia faz muito sentido!)

Resumo da ópera: só esperança de dias melhores, porque solução, por ora, não tem. E por isso que eu disse que realmente ODEIO A DEMOCRACIA!!!!
E não é de odiar??
...

Pra quem interessa saber, não, EU NÃO VOU COLOCAR EM PRÁTICA MEU PLANO DIABÓLICO DE PAGAR MULTA, agora no 2º turno.
Votarei consciente: ainda tenho a esperança de que o meu voto computado pode fazer a diferença!
Os R$3,51 guardarei pra comprar um chá de camomila pra fins de pós-eleição. Precisarei de muita calma, dependendo do resultado...

Nenhum comentário: