
Já acordei parabenizando as duas da minha família (mommy e sister, as responsáveis por manterem meu sorriso imperfeitinho e separado até hoje - porque em casa de ferreiro o espeto é sempre de pau, e essa é uma daquelas verdades absolutas!), e hoje em dia eu sei que dentistas merecem todo o respeito, sempre! São grandes profissionais!
Primeiro que quase todo mundo que eu conheço se pela de medo de ir num consultório odontológico, e até pouquíssimo tempo atrás eu não conseguia entender o porquê de tanto apavoro. E, claro, tudo que tememos, devemos respeitar (essa é a imposição de respeito número um - a psicológica!).
Só sei que cresci com uma mãe dentista dentro de casa e, embora tivesse a parte chata de não poder comer bala pra não dar cárie (ingestão de doces quase nunca!), e de eu receber uma fiscalização ferrenha na escovação dos meus dentinhos, a figura de um dentista nunca me deu medo. Até porque, obviamente, ela sempre me foi muito familiar. Dentre todos os meus amigos, eu era talvez a única que ADORAVA aplicações de flúor (que todo mundo reclama que tem um gosto que enche de ânsia!), e profilaxias, e brocas, e morria de dar risada quando eu precisava arrancar um dente de leite ou tomar uma anestesia (hoje sei que eu dou risada de nervoso, essa que é a verdade!). Até na época em que eu precisei passar pela chatice do aparelho ortodôntico, eu ia sem reclamar, felizinha da vida! Sempre relaxei tanto quando ia tratar meus dentes com a minha mãe, que às vezes ela precisava me acordar porque eu tinha pegado no sono, e consequentemente, tava fechando a minha boca e impossibilitando o tratamento. Também a vida inteira tive horror a sangue, e a cheiro de sangue, mas num consultório odontológico ver um dente recém- arrancado (que ela fazia questão de me mostrar com um "olha que lindo esse ciso que eu acabei de arrancar da paciente que saiu!!! Vê que raiz mais perfeita!!") nunca me fez nem cócegas no sistema nervoso. Confesso que até me agradava dos cheiros horrorosos de químicos e anestésicos - era o cheirinho da minha mãe!!!
Mas o fato é: passei a vida sendo uma das poucas e raras corajosas!
Dito isso, creio que seja o segundo motivo pelo qual um dentista merece todo o nosso reconhecimento: quase sempre ele tem que bancar o psicólogo, porque o medo é geral, mesmo. Pode ir o DataFolha fazer a enquete, que ninguém suporta ir ao dentista, vai ser o resultado certo! É um tal de paciente com mão suada, tremedeira, gagueira, pressão baixa, taquicardia, e as mais variadas reações nervosas, que não é nada raro ver que um dentista está fazendo todo um discurso filosófico, com a maior paciência do planeta, pra convencer o paciente de que não vai doer nadica de nada (quase nunca é verdade, às vezes dói mesmo, mas só o fato de convencer o felizardo a abrir a boca relaxadamente, é mais que 50% de todo o trabalho do odontólogo!).
Nada fácil para o profissional, reconheçamos!
O terceiro motivo dos meus parabéns sinceros aos dentistas é meio óbvio: imaginem como eles sofrem!
Tá certo...Nós os pacientes, sofremos demais, também, porque eu admito que boca é uma coisa íntima demais (e agora, pensando melhor, até acredito que é mais confortável ir num ginecologista...Não que abrir a perna - num ótimo sentido, importante frisar! - não seja também desagradável, mas pelo menos o médico/a não fica com a cara quase em cima da nossa cara, praticamente passando pela nossa garganta, e nós, sem nem idéia de pra onde olhar...Pelo menos quando é "mais pra baixo", respiramos fundo e ficamos procurando mofo no teto, sem ninguém pra conferir a nossa expressão de incomodidade...).
Mas ficar mirando paciente com cara de medo, de nojo, de pedra, de vítima de serial killer, com sudorese excessiva, não deve ser a coisa mais legal do mundo. Sem contar que não é todo mundo que tem higiene, e aparece limpinho (aturar mau hálito, que tristeza!). Tem também uns casos bem graves de doenças periodontais, com sangue, pus, mau cheiro...de vez em quando um restinho de comida...aaaaaaaaargh, que coisa mais nojenta!
Quarto motivo do parabéns de hoje: eles são heróis!
Mesmo quando parecem bandidos, eles são heróis, e só quem já teve uma dor de dente enlouquecedora sabe do que eu estou falando!
Lembram de mim e de toda a minha intrepidez na hora de abrir o bocão????
Pois é...
Pra tudo há uma primeira vez na vida!
Esses dias passei por uma dor DAQUELAS, que me fez perder a fome, o sono, a concentração, e que me deu vontade de arrancar o meu dente sozinha, só pra ver se eu eliminava radicalmente meu problema (também me lembrei da minha mãe, que já tinha me relatado N vezes, que v-á-r-i-o-s foram os pacientes que chegavam com o dente arrancado no bolso, falando "ó, doutora, tá aqui o dente: cutuquei até arrancar, porque não tava aguentando de dor!", e eu achando que era lenda urbana...A dor é tão descomunal, e tão desesperadora, e tão desconcertante, que eu só passei a acreditar nos tais relatos porque eu, no auge da minha consciência, cheguei a considerar seriamente a possibilidade - tive vontade de arrancar a minha cara fora, se possível fosse! E depois dessa dor, sem dúvida alguma, agora estou preparada pra um parto normal de quadrigêmeos, ou pra expelir pedras com 10 cm de diâmetro dos meus rins!!!!).
No meu caso específico, suei, tremi, tensionei todos os músculos do meu corpo, tive crise de riso (de nervoso!) e senti na pele o medo que eu nunca tinha vivenciado. E queimei minha língua!
(Isso porque a MINHA MÃE, a pessoa em quem eu naturalmente mais confio, que me atendeu!)
E só continuo gostando de dentistas porque, sim, eles ainda me são completamente familiares ( e eu também não vou desestimular a minha irmã em começo de carreira!)!!!!
Não entrarei em maiores detalhes do meu caso clínico, mas só pra resumir, tenho uma gengiva fina e magra demais (pode isso??), carente de gordura pra proteger meus dentes, e acabei tendo uma infiltração no nervo do pré-molar (acho que foi esse o abençoado). Alguém já viu nervo de dente??? Consegue ser mais fino que fio de cabelo, e não vi coisa pra incomodar mais...Jesussss!
A heroína da minha mãe entrou em cena, usou a tão eficaz psicologia, deu-me umas anestesiazinhas chatas e pra lá de doloridas, exerceu seus conhecimentos e sua experiência de mais de "bodas de prata", e ME LIBERTOU DA MINHA ANGÚSTIA!
No dia em que minha mãe tirou o nervo do meu dente, seguramente eu nasci de novo!
Eu praticamente comemoro 2 aniversários, agora!
E porque eu sei que dentistas sofrem, são importunados quando alguém tá se desmanchando em dor, suportam péssimos odores, e são vítimas de todo o pânico da sociedade (rejeitados, tadinhos, porque ninguém se agrada deles!), que demonstro minha admiração sincera por esses profissionais!
E encerro recomendando o uso correto de escovas de dente, fios dentais, e consultas mais do que periódicas. Por mais que o medo de dentista seja realmente grande, uma coisa é certa: não desejo a dor que senti nem pro pior cristão do mundo...
FLÚOR NELES!!!!!
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