segunda-feira, 27 de abril de 2009

Decepção nossa de cada dia...

Desconheço alguém que tenha tido qualquer tipo de relacionamento (e falo em relacionamento num sentido bem mais amplo) sem ter passado por pelo menos uma decepção das grandes.
As pessoas erram. As pessoas fraquejam. As pessoas magoam. E decepcionam.

É o chefe que foi grosso numa hora que não precisava, é a mãe que falou o que poderia ter evitado falar, é a melhor amiga que traiu a confiança, é o filho que desapontou numa atitude mal planejada, é o "grande amor da sua vida" que confessou que o amor nem era tão grande assim...

E, desta forma, todos - ou quase todos! - que passam por nós acabam deixando, em determinado momento, uma impressão amarga, um ressentimento sem tamanho...que às vezes passa, mas que quase sempre dói demais.
Dá uma vontade de chorar que ninguém parece ser bom o suficiente pra servir de consolo, uma pontada no peito, um vazio...E fica aquela frase que lateja na cabeça: "Por essa eu não esperava!"...

Mas se todo mundo decepciona todo mundo, se todo mundo se frustra com todo mundo, se isso é muito mais do que comum, e ninguém morre sem ter passado por pelo menos uma desilusão, por que é tão difícil aceitar esse sentimento?
Por que é que machuca tanto "reconhecer" (não sei se é bem essa a palavra certa) que nós mesmos nos iludimos com expectativas demais, com o que esperávamos que o outro fosse fazer ou falar pra nós?

Bom...

Para a Psicologia (maldita Psicologia! Nessas horas ela não ajuda em nada!), é doloroso passar por uma dessas "surpresas desagradáveis", é complicado superar essa mágoa, justamente porque ela revela um de nossos problemas mais corriqueiros (e ninguém gosta de revelar problemas!) : a crença de que tudo tem que ser do exato jeito que gostaríamos que fosse (até aí, tudo bem, né "Flipper Freud"! - se saísse da nossa maneira e não tivesse o elemento "estraga-prazares", não doeria em nada! Isso é óbvio!!! E não explica muita coisa...).
Uma decepção cria marcas profundas e deixa cicatrizes horrendas porque ela nos fragiliza. Porque rompe com um conceito criado pela nossa mente, que achávamos que era o mais correto, o modelo a ser seguido.
Nem sempre o "problema" da desilusão está em quem nos causou essa dor toda - quase sempre está no rótulo e nos valores que nós mesmos atribuímos a alguém ou a alguma situação.
Fomos nós quem construímos uma circunstância perfeita, com início, meio e fim, e depositamos confiança demais no que deveria ser o resultado ideal.
Um bom psicólogo diria que o tal do "problema" não é o meio ou a pessoa que nos feriu profundamente; o problema está dentro de nós, porque esperamos demais, porque não soubemos "ler os sinais" corretamente, porque pintamos o mundo com tinta colorida, quando na verdade ele já veio impresso em preto-e-branco, e com edição limitada!!!!
Nós quem pisamos na bola!
O outro (no caso de decepções com pessoas, e principalmente as amorosas) fez o que lhe cabia fazer - ele sempre foi o que manifestou no momento que desencadeou a mágoa...nós que nunca quisemos enxergar isso (tá...com essa aí até dá pra concordar! A pessoa sempre foi assim e nós que não percebemos, porque desenhamos a pessoa de outra forma...Até porque ninguém vira bonzinho ou mauzinho de uma hora pra outra...Tem um certo nexo!)!!!! E ele, muitas vezes, nem tem a ciência de que nos machucou tanto assim...tá achando tudo mais do que normal, nós que somos os exagerados e reclamamos de barriga cheia!

Jamais!!!!!!

A Psicologia que me desculpe, mas essa teoria sado-masoquista aí, do "eu que estou errado e devo pagar por isso", comigo não cola!
O tio Freud que me perdoe o trocadilho chulo, mas dizer que "o outro" fez o que tinha que fazer e nós quem somos os doidos, é UMA FRAUDE!!!!

Tudo bem...
A expectativa existiu. É claro!
E ela não foi atendida. É CLARO TAMBÉM!!!!


Mas como não esperar nada, sabe??
Relacionamentos são exatamente assim: alguém conta com determinada atitude de alguém porque confia nela, porque deposita fé nas coisas que ela faz, porque tem uma certa afinidade, ou habitualidade no contato, que a faz ter certeza das coisas que ela faria e também das coisas que não faria de jeito nenhum!
Interagir com alguém pressupõe esse mínimo de conhecimento do outro!
Por isso que as pessoas trabalham juntas, enriquecem juntas, amam juntas, divertem-se juntas: porque existe entre elas, NO MÍNIMO (deveria existir, pelo menos!), um pacto implícito de lealdade, de estima, de afeição.

Não dá pra aceitar que decepções são normais e engrandecedoras, que fazem parte da vida e nós fomos os equivocados, porque esperamos o que não poderíamos receber. Não dá pra ouvir qualquer coisa de uma pessoa, e palavras mal pensadas, e lidar com atitudes inconsequentes, só que ainda assim achar normal, porque "o ser humano é assim, mesmo". Não dá pra receber um pedido de desculpas banal e tudo ficar por isso...

E a consideração, onde fica? E o respeito? E o fato de se colocar no lugar do outro????
É sempre bom e de muito bom grado pensar antes de fazer, de falar. De DECEPCIONAR!!!

Olha...

Pode até ser que eu faça parte da corrente "Esperamos um mundo melhor! Esperamos tudo! Esperamos sempre!" e que me sobre mesmo ingenuidade e confiança nas pessoas.
Talvez eu, e todas as pessoas que já esperaram alguma coisa de alguém e que já se desapontaram imensamente ( e talvez, repetidamente!), estejamos mesmo de cara fechada pra vida real. E precisamos, definitivamente, esperar menos, ou nada, das coisas e pessoas.

É...
Posso estar falando besteira!

Quem sabe, eu precise aplicar a mim e tomar para a minha vida frases como: "Muito melhor se surpreender do que se decepcionar", "A dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional", "No dia em que você precisar de uma 'mãozinha'...no final do seu braço tem uma!!!!"...e "blá, blá, blá"...

Aham...
É RUIM, HEIN!!

2 comentários:

Ana disse...

Huuummm..voltou?! Seja bem vinda! :)
É muito bom tê-la de volta!
Beijoca no coração!

Cris disse...

Cada ilusao, frustracao, decepcao deve ser acolhida, aprendida e depois jogada fora. Temos que aprender a sofrer pq faz parte do jogo. Que tudo isso sirva para que qdo os relacionamentos certos aparecem, sejam reconhecidos e bem vindos. E sem querer, percebemos que podemos sim, pintar o mundo colorido e fica melhor ainda qdo duas maos seguram o mesmo pincel.